Mas Afinal, O Que é Café Especial?

 

Nós brasileiros fomos criados tomando aquele cafezinho preto, quente e amargo. E que, para disfarçar esse amargor, era preciso colocar pelo menos umas duas colherezinhas de açúcar, não é mesmo?

O que muita gente não sabe é que o nosso país produz uns dos melhores cafés do mundo e que eles são naturalmente doces, ao invés do conhecido amargo do café tradicional.

Você pode pensar: Doces? Como assim?

Vamos por partes para podermos entender melhor!

O Fruto

Antes de mais nada precisamos saber que o café é uma fruta composta por duas sementes, ou dois grãos. E é desses grãos que após torrados e moídos é feita a bebida do café.

O fruto maduro é denominado “grão cereja”, ou simplesmente, “cereja”. Em algumas espécies, o café amadurece bem vermelhinho. E em outras o fruto maduro é amarelo.

Espécies

Primeiro preciso dizer que existem no mundo cerca de 127 espécies de café! Isso mesmo! Mas destas, apenas duas são amplamente utilizadas: o Canéfora (robusta/conilon) e o Arábica.

Vejamos algumas características no quadro comparativo abaixo:

Características/Tipos	Canéfora (robusta/conilon)	Arábica
Teor de cafeína	2,1% a 2,4%	1,1% a 1,3%
Altitude de plantio	Cresce abaixo dos 800m	Acima de 800m
Origem	Congo	Etiópia
Produção mundial (%)	43,2%	56,8%
Maior produtor mundial	Vietnam	Brasil
Cultivo	Fácil cultivo em climas mais quentes e mais resistente às pragas	Cultivo em climas mais frios e mais suscetível a pragas
Características da bebida	Corpo denso e notas amargas, podendo até ter notas de chocolate em cafés de melhor qualidade	Acidez, doçura, corpo, notas variadas de sabor e aroma dependendo do terroir e variedade de arábica

Devido às suas características de aroma e sabor variáveis, o café arábica sempre alcançou um maior valor comercial. Hoje em dia, apesar de já termos cafés robusta de melhor qualidade, o arábica ainda possui um valor mais alto.

 

Tipos de Torra

O café é plantado, colhido, seco (descascado ou com casca), limpo, selecionado e então vai ser torrado para chegar ao mercado. E para isso nós temos três níveis ou tipos de torra:

Torra Clara: conserva os óleos essenciais do grão, preserva a acidez, a doçura aparece e não tem amargor;

Torra Média: há um equilíbrio entre acidez e doçura, não há amargor (é a ideal para quem está começando no mundo dos cafés especiais);

Torra Escura: o café é torrado demais, queima os óleos essenciais e suas características de sabor, doçura e acidez desaparecem, o amargor é intenso.

 

Classificação dos Cafés

Nós temos aqui no Brasil duas classificações distintas: a da ABIC e a da BSCA e a eles são atribuídas notas.

De acordo com a ABIC (Associação Brasileira das Indústrias de Café), os cafés com nota entre:

- 0 e 4,5 pontos não são recomendados para consumo;

- 4,5 e 5,9 são tradicionais ou extrafortes;

- 6 a 7,2 são os de classificação superior;

- 7,3 a 10 seriam os gourmets.

 

Já a BSCA (Associação Brasileira de Cafés Especiais) especifica que:

- 0 a 59,99 pontos são considerados tradicionais;

- 60 a 79,99 pontos os gourmets;

- Acima de 80 pontos são que recebem a classificação de especiais.

Como a BSCA segue os padrões internacionais de análise do café (análise física dos grãos e sensorial), então normalmente ela é usada como referência.

 

Assim temos:

 

Café Tradicional (0 a 59,99 pontos): variedade Robusta, torra escura, não existe uma limpeza adequada do café e poderá encontrar dentro dele, galhos, folhas, palha, etc. Segundo a legislação da ANVISA, em cada 25 gramas de café são permitidas até 60 partes de insetos. O café é extremamente torrado, moído e assim ninguém identifica o que existe dentro. São bem mais baratos, são muitos dos cafés populares que encontramos nos supermercados;

Café Gourmet (60 a 79,99 pontos): variedade Arábica, o café precisa ser puro e limpo, admite até cinco tipos de defeitos em cada amostra de 300 gramas (defeitos como: grãos secos, grãos verdes, furados, etc). Torra clara ou média. Não pode queimar o café. Rico em aromas e sabores;

Café Especial (80 a 100 pontos): variedade Arábica, café precisa ser puro e limpo, a colheita precisa ser seletiva (somente grãos maduros), não admite defeitos, a pontuação é feita de acordo com a qualidade do café e variedade de aromas e sabores a que remete na boca, torra clara ou média. Alguns são tão doces naturalmente que nem precisam de açúcar.

 

Concursos

Todos os anos são realizadas competições no Brasil e no mundo para identificar os melhores cafés. As mais importantes na categoria do café especial são o Cup of The Year (que elege o melhor café do Brasil) e o Cup of Excellence (que elege o melhor café do mundo).

Os vencedores vão a um leilão virtual onde as sacas são disputadas e vendidas a um valor exorbitante. Normalmente o consumidor comum não tem acesso a esse lote do café, mas a fazenda ganha o título do melhor café do ano e isso significa que os cafés ali produzidos são de excelência.

A título de curiosidade, a nota mais alta atribuída a um café até hoje, no mundo inteiro, foi 95,85 pontos. Adivinha de onde era esse café?

Aqui mesmo. Do Brasil.

Foi o Café Santa Inês da região da Mantiqueira de Minas (Minas Gerais).

O Brasil e o Café

Desde 1900, somos o país que é o maior produtor e maior exportador de café do mundo. Mas só começamos a produzir café especial a partir de 1991. Até o ano de 2018, apenas 1% do café especial ficava no Brasil. Os outros 99% eram destinados à exportação.

Isso foi mudando no final de 2018, quando começaram a pipocar as cafeterias especializadas em métodos de cafés coados e expressos diferenciados. Com essa procura maior por um café de maior qualidade, o café especial começou a conquistar paladares no mercado interno e hoje, cerca de 27% desse café fica no Brasil.

Em 2019, conquistamos também, o título dos maiores bebedores de café do mundo, ultrapassando os Estados Unidos. De acordo com a agência Euromonitor internacional, o brasileiro consome em média 839 xícaras de café por ano.

Aqui dentro do Brasil, temos regiões produtoras consagradas, entre elas:

- Sul de Minas, Mantiqueira de Minas, Carmo de Minas, Cerrado Mineiro, Alto do Caparaó (todos em Minas Gerais);

- Planalto baiano, Chapada Diamantina e Leste (todos na Bahia);

- Alta Mogiana e Média Mogiana (em São Paulo);

- Montanhas Capixabas (no Espírito Santo);

- Norte pioneiro do Paraná, entre outras.

Aqui na Bahia inclusive, da cidade de Piatã, temos um café que foi tricampeão no Cup of Excellence, o Café Rigno (que temos aqui na nossa cafeteria).

Além dele, são os cafés da Chapada Diamantina que são consumidos pelo Papa e pelo Vaticano. Legal né?

Mas a gente aqui falando sobre cafés especiais e eu tenho a certeza que você que está lendo aí do outro lado da tela está se perguntando:

Como é que eu reconheço um café especial na hora que for comprar?

Calma que eu vou explicar!

Um traço forte dos cafés especiais é a rastreabilidade, ou seja, do grão até a xícara você consegue identificar os caminhos que ele percorreu. 

Então quando você for comprar o seu café, preste atenção se a embalagem tem dados como: 

-a região onde foi produzido; 

-o nome da fazenda e/ou do produtor; 

-a altitude do café (acima de 800m, lembra?); 

-se é 100% arábica, se tem informações do tipo de torra (deve ser clara ou média); 

-os selos de qualidade como BSCA (com leitor de QR Code), UTZ, Rainforest, Certifica Minas, entre outros.

Quanto mais detalhes melhor!

Se você chegou até aqui, dá uma olhada no nosso menu de cafés especiais. Temos cafés premiados como o Rigno (Chapada Diamantina/BA), o Recanto dos Tucanos (Alto do Caparaó/MG) e o Douro (Montanhas Capixabas/ES) e tantos outros cafés maravilhosos que farão o seu paladar brilhar.

Temos a nossa linha exclusiva de cafés especiais, o Café Sêo Zua da Alta Mogiana/SP com notas de avelãs carameladas, e o Café Dona Creusa da Chapada Diamantina/BA com notas de frutas maduras e melaço de cana.

Tá esperando o quê pra garantir o seu? Corre lá!

Ah, e qualquer dúvida é só usar o nosso chat! Iremos ajudá-lo com o que for preciso!

 

Abraços quentinhos de café!