O Que é o Pão?
O pão é uma massa antiga
(remonta há 14 mil anos), fermentada e assada rica em carboidratos e que tem
como proteína principal o glúten, responsável por dar elasticidade e volume a
essa massa.
Ele possui quatro ingredientes
básicos:
- Farinha de Trigo
- Água
- Sal
- Fermento
*Sei
que vão me falar aqui do pão sem glúten. Isso é um assunto extenso para uma
outra conversa, mas se formos falar resumidamente em termos técnicos, ele não
seria propriamente um pão.
Cada ingrediente tem uma função
importante e específica para a formação da massa que chamamos de pão. Abaixo
descreverei cada um deles.
Farinha
de Trigo
Farinha de Trigo (banco de imagem)
A farinha é formada em sua
maior parte por carboidratos, seguida pelas proteínas e quase nada de gordura.
O ingrediente mais importante da farinha é a proteína. Aqui elas se dividem em
dois tipos: as albuminas e as globulinas.
As globulinas subdividem-se em
duas principais: a gliadina e a glutenina, que juntas formam a cadeia de
glúten.
Mas
como é isso?
A partir da sua hidratação
(papel principal da água na massa) e do estímulo mecânico, ou seja, a sova do
pão (seja ela numa amassadeira ou de forma manual), elas formam uma rede de
glúten através de ligações moleculares que retêm o ar dentro da massa. Essa
rede serve para dar estrutura, elasticidade e volume ao pão. Além disso, ela
não permite que a massa desidrate durante seu assamento.
A farinha de trigo pode ser
substituída por outras farinhas com glúten que também eram usadas na
antiguidade, como a cevada e o centeio.
Água
A maior função dela é hidratar a massa para facilitar a formação do glúten, mas também pode ajudar a controlar a fermentação. Falando de forma bem simplória, se ela estiver morna vai acelerar a fermentação (por isso às vezes você encontra receitas de pães caseiros que pedem o uso de água ou leite quente), se estiver numa temperatura mais fria, demora um pouco mais pra fermentar, e, ainda, se estiver quente demais, mata o fermento.
Massa hidratada (banco de imagem) |
Pensa que acabou por aí? Claro
que não!
Você ainda tem que ter o
cuidado com o tipo de água que vai utilizar porque se ela for clorada, por exemplo,
...Bye bye pãozinho!
Sal
(Cloreto de Sódio)
Uns vão dizer que a função
desse condimento é dar sabor, ou potencializar o sabor. E é!
Mas ele tem uma função muito
mais importante: ele controla o fermento e faz com que o pão forme uma cadeia
de glúten mais forte. Só tem um “pequeno” detalhe:
Sal demais também mata o
fermento. Lembre-se que o fermento é um ser vivo e, como todo ser vivo, existe
um limite de resistência ao sal.
Por isso, normalmente você
encontra nas receitas, o sal sendo colocado numa ordem em que ele fica distante
do fermento, e numa quantidade beeemmm pequena.
*Veja que eu falei
“normalmente” – existem raras exceções.
Fermento
Fermento natural (banco de imagem) |
Fermento Biológico (banco de imagem) |
Usualmente, encontramos ele em
quatro formas: biológico fresco, biológico seco, biológico seco e instantâneo e
fermento natural.
Todos quatro têm em comum o
fungo/levedura Saccharomyces Cerevisae. Mas existem diferenças entre os quatro
tipos como veremos a seguir:
Fermento
biológico fresco – O fermento fresco apresenta-se como uma
pasta que vem em tabletes e precisa ser conservado sob refrigeração. Deve ser
esfarelado em cima da farinha com água
Fermento
Biológico Seco – é a mesma levedura só que desidratada, o que
faz com que tenha uma vida muito mais longa que o fresco. Porém a ele é
adicionado um emulsificante. Deve ser diluído em água ou leite morno para
hidratá-lo e ativá-lo.
Fermento
Biológico Seco Instantâneo – Mesma coisa do fermento biológico seco,
mas a diferença está na forma do uso que não precisa de diluição.
Fermento
Natural – possui a mesma levedura dos outros, mas combinada com
lactobacilos. Por não ser concebido de maneira industrial, mas a partir da sua
cultura, contém organismos selvagens naturais de cada ambiente onde ele foi
desenvolvido.
Você até encontra variadas maneiras
de fazer esse fermento em tutoriais na internet. E realmente muitas dão certo.
No entanto, existem formas específicas de garantir segurança e estabilidade a
esses fermentos, só que isso os padeiros guardam a sete-chaves!
O pão feito com este, passa
por uma fermentação lenta e longa que pode variar entre 08 e 72 horas (existem
casos de pães fermentados por mais tempo, mas digamos que esse seria um tempo
“ideal” máximo).
Essa lentidão traz ao pão
características únicas que influenciam no sabor, textura, acidez e benefícios
para o organismo humano.
Aditivos
Além dos ingredientes
principais, que fazem parte do pão original, massa-base, podemos encontrar
alguns aditivos naturais e outros artificiais. Cada um deles com funções de
melhorar a massa, dar maciez, estrutura, crocância, etc.
Entre os naturais, podemos
destacar o leite, os ovos, manteiga, açúcar, entre outros. Já em relação aos
artificiais, existe a lecitina de soja, melhoradores de farinha, propionato,
etc.
Clean
Label
Você sabe o que significa esse
termo acima? Pode ser traduzido como “Rótulo Limpo”. São produtos feitos com
ingredientes naturais e fáceis de serem reconhecidos pelo consumidor. Sem
aqueles nomes estrambólicos que você não sabe de onde veio e não consegue nem
pronunciar.
Com a preocupação com a saúde
e com o avanço da tecnologia, hoje é possível consumir alguns produtos,
inclusive pães, com o certificado Clean
Label, ou seja, um produto 100% natural, livre de aditivos químicos,
aromatizantes, conservantes e tudo o mais.
Além deste, já existem
aplicativos de celular que analisam rótulos, outros selos como o de alimentos
orgânicos, selos que identificam alimentos transgênicos, entre outros.
A cada dia a tendência é
buscarmos alimentos mais saudáveis, com menos agrotóxicos e que tragam uma
qualidade de vida superior à que já temos. Mas a indústria, mesmo assim, tem
artifícios para convencer o consumidor de que uma coisa não saudável seja
enxergada como algo surpreendente.
Nos nossos próximos encontros
falaremos um pouco mais sobre este e outros assuntos, como os pré-fermentos
responsáveis por acelerar o preparo do nosso pãozinho diário, mais detalhes
sobre fermentação natural, o glúten: vilão ou mocinho....
Ihhh... Essa conversa ainda
vai render...
Gostou? Curta, comente e
compartilhe com seus amigos! Fique à vontade para sugerir novos temas!
Abraços quentinhos de café!
Comentários
Postar um comentário